Galera, essa semana recebi um email com algumas dúvidas sobre portas Trunk/Hybrid, Link Aggregation e STP. Achei que seria bacana responder na forma de post pois acredito que essas questões podem ser as dúvidas de mais pessoas.
Segue abaixo as questões editadas… sintam-se livres para interagir nos comentários.
Diego,
Se não for muito incomodo pra vc, consegue me responder as questões abaixo?
- Diferença do link aggregation em modo static e dynamic, quando usar um ou outro?
O Link-Aggregation permite agregação de diversas interfaces Ethernet (portas físicas) para a criação de uma única porta lógica com o intuito de prover redundância e aumento de banda. As melhores práticas sugerem a negociação do protocolo LACP (802.3ad) entre os 2 equipamentos que desejam fechar a agregação de portas afim de evitar erros de cabeamento e certificar o meio físico em todo o tempo que o Link-Aggregation estiver ativo, além de agilizar a redundância em caso de falhas.
Exemplo de configuração com LACP: http://www.comutadores.com.br/switches-3com-4800g-link-aggregation/
Mas há também cenários em que um dos equipamentos não utiliza o protocolo LACP para agregação de links ou então o meio físico oferecido pelo Provedor de Serviços para comunicação Ethernet não permite o encaminhamento de alguns protocolos da camada de enlace como o LLDP, CDP, LACP, STP, etc. Então nesses cenários devemos usar o modo static, isto é, Link-aggregation configurado manualmente sem validação do meio e/ou equipamentos por um protocolo como 802.3ad. Se a porta estiver UP, o modo static irá encaminhar o tráfego, mesmo que o cabeamento esteja conectado em outro equipamento incorretamente.
- Diferença de portas trunk e hybrid, quando usar a hybrid?
Enquanto a porta configurada como access permite apenas o tráfego de quadros Ethernet sem marcação de tag 802.1Q, o que faz com que o Switch atribua a comunicação para aquela VLAN, a configuração Trunk e Hybrid permitem a utilização de várias VLANs em uma única porta. As portas configuradas como access são geralmente atribuídas para computadores, servidores, impressoras, etc.
A porta Trunk é utilizada para o encaminhamento e recebimento de tráfego Ethernet tagueado com o ID da VLAN mas com a exceção de permitir apenas uma VLAN não tagueada, dita explicitamente na configuração. Por padrão o tráfego não tagueado de uma porta trunk é direcionado para a VLAN 1 (mas isso pode ser modificado). As portas trunk são configuradas na comunicação entre Switches e também com Servidores que possuem Switches virtuais internos para VMs, etc.
Exemplos:
http://www.comutadores.com.br/video-vlans-configuracao-de-porta-access-hybrid-e-trunk-para-switches-hpn-3com-e-h3c/
http://www.comutadores.com.br/vlan-trunk-utilizando-802-1q-dot1q/
Já a porta Hybrida permite encaminhar o tráfego de inúmeras VLAN tagueadas ou não. Por exemplo, se você precisa que o tráfego de duas máquinas que estão atrás de um HUB seja separado dinamicamente entre duas VLANs diferentes, a configuração de porta hybrida permite que o Switch leia marcações como endereço MAC, 802.1p, cabeçalho IP e etc, para dinamicamente efetuar diferenciação do tráfego para as suas respectivas VLANs (lembrando que o tráfego nesse caso pode vir sem TAG das máquinas).
Exemplo de configuração de porta Híbrida:
http://www.comutadores.com.br/mac-based-vlans/
http://www.comutadores.com.br/switches-3com-4800g-atribuindo-uma-vlan-dinamicamente-a-uma-porta-baseado-no-ip-de-origem-ip-subnet-based-vlan/
- O spanning tree é habilitado nas portas (uma a uma) ou no switch?
Para habilitar (ou desabiltar) o spanning-tree no Switch é preciso a configuração no modo global.
Exemplo para habilitar o STP:
http://www.comutadores.com.br/stp-desabilitado/
Apesar de ser o protocolo mais utilizado para prevenção de loop, o Spanning-Tree não se encaixa em todos os cenários de rede e o seu algoritmo pode as vezes prejudicar a integração de diferentes ambiente. Nesse caso é possível adicionar algumas features individualmente nas portas para ajuste fino, como por exemplo o stp-edged port (portfast) ou então desabilitar o STP somente em determinadas portas. Mas cada caso deve ser estudado minuciosamente para evitar situações de loop.
Exemplos de tuning para o STP:
http://www.comutadores.com.br/protegendo-o-spanning-tree/
http://www.comutadores.com.br/switches-hpn7500-configurando-filtros-para-bpdus-bpdu-filtering/
http://www.comutadores.com.br/switches-3com-4800g-edged-port-bpdu-protection/
- Diferença do spanning tree para o rapid spanning tree, quando usar o rapid spanning tree?
O Rapid Spanning-Tree (802.1w) é uma evolução do Spanning-Tree inicial (802.1d) com um significativa melhora no tempo de convergência e conectividade da rede.
Uma das grandes limitações do STP não foi corrigida na versão 802.1w que é o bloqueio de todos os caminhos redundantes como prevenção de Loop. Esse tipo de cenário acaba gerando ocasionando gargalos pois a empresa gasta uma quantidade significativa de dinheiro para a extensão de fibra redundante deixando um dos links sobrecarregados enquanto o outro está ocioso.
A versão Multiple Spanning-Tree (802.1s) permite a criação de instancias independentes do STP para balanceamento de VLAN permitindo a alteração do root para determinadas VLANs ou o custo para o root. O protocolo é um pouco complexo quando você deseja conectar grandes domínios 802.1s entre si, por exemplo estender a LAN de duas empresas, mas com um bom planejamento o protocolo torna-se uma ferramenta poderosa.
Todos os Switches HP baseados no comware, ao habilitar o STP, iniciam a versão 802.1s. Caso você não faça nenhuma configuração de ajuste o 802.1s terá o comportamento da versão Rapid-Spanning Tree.
Artigos sobre STP
http://www.comutadores.com.br/rapid-spanning-tree-802-1w/
http://www.comutadores.com.br/elegendo-o-switch-root-do-spanning-tree/
http://www.comutadores.com.br/introducao-ao-multiple-spanning-tree-802-1s/
- Para habilitar o spanning tree, basta dar um enable stp na porta de uplink ou é necessario configurar algo a mais (ou quando habilitamos para a switch, já é aplicado para todas as interfaces)?
Ao habilitar o STP no Switch a configuração é atribuída a todas as portas e as mesmas iniciam o encaminhamento de BPDUs para prevenção de loop.
- Devo usar os mesmo comandos do stp (ex: “stp edged-port enable”, “stp cost”, ) quando utilizado o rstp?
Sim, o comando é o mesmo para as versões 802.1w e 802.1s
- Nas interfaces de uplink, entre switchs que nao sao cores, as portas stp devem ficar como DESIGNATED, PORT ROOT ou ALTERNATE PORT?
Tudo vai depender de quem será o Switch Root da sua rede. Se o Switch Core for o root, os uplinks do Switch Core estarão como DESIGNATED, já os Switches não-Core, conectados a ele, terão suas portas como ROOT PORT (melhor caminho para o Switch ROOT) ou ALTERNATE PORT (porta redundante bloqueada para prevenção de Loop)
- Em qual interface, dos switchs roots, devo usar o comando stp root-protection?
A configuração da porta como Root Guard permite à uma porta Designada a prevenção de recebimento de BPDU’s superiores, que indicariam outro Switch com melhor prioridade para tornar-se Root. A feature força a porta a cessar comunicação toda vez quem um Switch tiver o Priority ID mais favoravel para tornar-se Root, então o Switch Root isola assim o segmento para o Switch indesejado. Após encerrar o recebimento desses BPDU’s a interface voltará à comunicação normalmente
Essa feature é geralmente configurada em portas Designadas do Switch Root.
- Devo setar o comando “stp loop-protection” nas interfaces “ALTERNATE PORT” (caminho secundário) das switchs não core. Correto?
Correto, a configuração da porta como Loop Guard possibilita aos Switches não-Root, com caminhos redundantes ao Switch Raiz, a função de se proteger contra cenários de loop na rede quando há falhas no recebimento de BPDU’s em portas ALTERNATE.
Quando uma porta ALTERNATE parar de receber BPDU’s ela identificará o caminho como livre de Loop e entrará em modo de encaminhamento ( imaginando que a porta Root continue recebendo BPDU’s) criando assim um Loop lógico em toda a LAN. Nesse caso a feature deixará a porta alternativa sem comunicação até voltar a receber BPDU’s do Switch Root.
Obs: Dica! Simule as features em ambiente de laboratório antes de aplicar em uma rede de produção. Isso permitirá ao administrador conhecer melhor os cenários, equipamentos, falhas e troubleshooting.
Até logo.